Comentador do Eurosport de ciclismo, Paulo Martins, analisa as seleções candidatas ao título mundial de estrada e coloca Bélgica e Austrália como ameaças mais sérias às aspirações espanholas. Já Portugal parte com apenas quatro elementos mas com Rui Costa em grande forma.
48 Países estarão em ação nos mais de 250 quilómetros previstos para a prova de fundo. Destes Mundiais de Limburgo resulta desde já uma certeza: quem quiser ser campeão do mundo terá que ser capaz de ultrapassar 25 ‘muros’! Para chegar ao título é necessário um “bloco” forte e, se possível, com muitos elementos. Nesse campo há apenas nove seleções que levam os nove elementos: Austrália, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Itália, Holanda, Rússia, Espanha e Estados Unidos da América.
Analisando estas seleções e sem querer dizer que daqui sairá o novo campeão do mundo – recorde-se a surpresa do título de Thor Hushovd em 2010 numa Noruega que levava apenas três corredores – creio que é seguro afirmar que Mark Cavendish não vai revalidar o título, como aconteceu já neste mundial com o Tony Martin que voltou a vencer. ESPANHA: ALVO A ABATER ´
A Espanha tem uma enorme equipa e parte com um alvo nas costas já que é a seleção que todos querem derrotar. As restastes equipas esperam para ver como os espanhóis vão fazer a sua corrida, mas creio que desde cedo vão tornar a corrida muito dura. Para mim são a seleção que mais soluções tem e que parte com Joaquim Rodriguez no papel de líder máximo, seguido de Alejandro Valverde e o tricampeão mundial Oscar Freire. Só depois vem Alberto Contador, que não esteve bem no contrarrelógio.
BÉLGICA E AUSTRÁLIA: AS SÉRIAS AMEAÇAS
Trata-se de mais uma seleção com várias soluções e que para mim é aquela que mais luta pode dar aos espanhóis. Philippe Gilbert é o líder principal, seguido de Tom Boonen, nunca esquecendo que os belgas terão sempre a possibilidade de lançar numa fuga Greg van Avermaet ou Bjorn Leukemans.
No caso da Austrália tem um sério candidato ao ouro que dá pelo nome de Simon Gerrans. O homem da Orica está num grande momento de forma (ganhou a clássica do Québec) e é plano A e plano B de uma seleção sem alternativas e que vai trabalhar exclusivamente para Gerrans.
ITÁLIA, FRANÇA E GRÃ-BRETANHA DE OLHO NO PÓDIO Numa posição diferente partirá a Squadra Azurra, que terá que atacar de longe, metendo homens em fuga e obrigando seleções mais fortes a terem de trabalhar cedo na corrida. Vincenzo Nibali será a aposta para o final, mas atenção a Luca Paolini e Moreno Moser que estão muito bem fisicamente neste final de época.
Já a França apresenta uma seleção combativa, mas não acredito que daqui sai o campeão mundial. Ainda assim, podem lutar por uma medalha com Thomas Voeckler.
A grande incógnita é também a equipa que parte para a prova de estrada com a camisola do arco-íris na sua posse, a Grã-Bretanha. Provavelmente será a última corrida de Mark Cavendish como atual campeão do mundo, resta saber que Chris Froome terão os britânicos? Se for o do Tour de France é um sério candidato, se for o da Vuelta os súbditos de Sua Majestade ficam sem soluções
Quanto à Holanda, correndo perante o seu público tentarão mostrar que estão presentes para vencer e a verdade é que parte dos ciclistas que leva estão nesta altura com boas pernas. Vejo Robert Gesink e principalmente Tom Slater como os principais ciclistas da equipa holandesa
RÚSSIA, EUA, COLÔMBIA E UMA ALEMANHA SEM EXPETATIVAS Num pelotão competitivo e que tem sempre espaço para surpresas, diria que a Rússia é uma daquelas equipas que mesmo não tendo muitos pergaminhos em Mundiais, pode ser uma dor de cabeça. Não só leva nove ciclistas, como tem um em particular que já por mais do que uma vez fechou com pódios: Aleksandr Kolobnev, medalha de prata em 2007 e 2009.
Os Estados Unidos são outra seleção que pode fazer uma corrida ao ataque e que não tendo um líder ao nível de Rodriguez ou Gilbert faz valer a sua força ao possuir um bloco interessante. Se forem unidos durante toda a corrida podem estragar os planos a muitas equipas e aí penso que Tejay van Garderen pode ter uma oportunidade muito pequena de lutar por um top 5.
Atenção ainda a uma Colômbia muito jovem, mas com um bloco fortíssimo e motivado para este tipo de percursos. Rigoberto Úran (prata nos Jogos de Londres), Sérgio Henao, Nairo Qintana e Winner Anacona são nomes a ter em conta quando o terreno inclinar.
Fora destas lutas vejo uma Alemanha muito fraca que traz como única arma John Degenkolb, que vem de cinco vitórias na Vuelta. Além dos germânicos, há outras seleções menos cotadas (e menos representadas) que trazem ciclistas capazes de resultados interessantes, sobretudo a Eslováquia de Peter Sagan, a Bielorrússia de Vasyl Kiryenka (grande surpresa no contrarrelógio), o Canadá com o vencedor do Giro, Ryder Hesjedal, a Dinamarca com Matti Breschell, a Irlanda com Nicolas Roche e a Noruega com Edvald Boassen Hagen.
PORTUGAL: RUI COSTA É O PLANO A, SÉRGIO PAULINHO A ALTERNATIVA DE LUXO
Finalizo esta análise com Portugal, uma equipa que infelizmente não pode ter um bloco de sete ou nove ciclistas, situação que aumentaria seriamente as hipóteses de um resultado positivo dado que seria possível proteger melhor determinados atletas. Lembro que são apenas quatro os atletas que levaremos e na minha opinião Bruno Pires e André Cardoso são os homens que estarão na proteção de Rui Costa, sem dúvida o nosso líder. No entanto, gostava pessoalmente de ver um Sérgio Paulinho ao seu melhor nível e ter carta verde para procurar também o seu resultado, o que daria à seleção nacional uma alternativa tática. Neste contexto de provas de um dia internacionais nunca podemos esquecer que Paulinho já fez corridas belíssimas em Mundiais quando as corridas são duras, como é o caso na Holanda.
Sem comentários:
Enviar um comentário